quinta-feira, 5 de julho de 2012

Arcanjos ou Anjos


Arcanjo (do grego: αρχάγγελος, transl. arkhángelos) é o nome dado ao anjo que ocupa a segunda classe em sua hierarquia celestial religiosa. Arcanjos existem em diversas tradições religiosas, como o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. A Bíblia cita apenas o nome de um arcanjo: Miguel. Ao contrário do que muita gente pensa Gabriel é citado e nomeado como sendo um anjo e não um arcanjo. No entanto há outras teorias a respeito em outras crenças e religiões, outros arcanjos são reconhecidos tanto pelos judeus quanto por alguns cristãos. O Livro de Tobias menciona Rafael, que também é considerado por muitos um arcanjo. Tobias faz parte do cânone católico da Bíblia, e da Septuaginta ortodoxa; o livro, no entanto, é considerado apócrifo pelos fieis e praticantes de outras fés. Os arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael são venerados na Igreja Católica Romana no dia 29 de setembro (Miguel, anteriormente, em 24 de março). Os arcanjos cujos nomes são mencionados na literatura do Islão são Gabriel, Miguel, Rafael e Azrael. Outras tradições identificam um grupo de Sete Arcanjos, cujos nomes variam, dependendo da fonte.

No judaísmo

Jacó Combatendo o Anjo, de Gustave Doré, 1885.
A Bíblia hebraica usa os termos מלאכי אלוהים (malakhi Elohim, "Anjos de Deus"),[1] מלאכי אֲדֹנָי (malakhi Adonai, "Anjos do Senhor"),[2] בני אלוהים (b'nai elohim, "filhos de Deus") e הקדושים (ha-qodeshim, "os santos") para se referir aos seres interpretados tradicionalmente como mensageiros angelicais. Outros termos são utilizados em textos posteriores, como העליונים (ha-elyonim, "os elevados"). De fato, anjos são pouco comuns, com exceção de obras posteriores, como o Livro de Daniel, embora sejam mencionados rapidamente nas histórias de Jacó (que, de acordo com diversas interpretações, teria lutando contra um anjo) e Lot, que foi avisada por um anjo da destruição iminente das cidades de Sodoma e Gomorra. Daniel é a primeira figura bíblica que se refere aos anjos individualmente, por seus nomes.

Especula-se, portanto, que o interesse judaico nos anjos tenha se desenvolvido durante o cativeiro na Babilônia. De acordo com o rabino Simeão ben Lakish, de Tiberíade (230 - 270 d.C.), todos os nomes específicos dos anjos teriam sido trazidos pelos judeus da Babilônia.

Não existem referências explícitas a arcanjos nos textos canônicos da Bíblia hebraica (Antigo Testamento). No judaísmo pós-bíblico certos anjos passaram a assumir uma importância particular, desenvolvendo personalidades e papéis únicos. Embora se acredite que estes arcanjos tivessem proeminência entre as hostes celestiais, nenhuma hierarquia sistematizada foi desenvolvida. Metatron é considerado o mais importante dos anjos na Merkabah e no misticismo cabalístico, e frequentemente desempenha a função de escriba. É mencionado brevemente no Talmude, e figura com destaque nos textos místicos da Merkabah. Miguel, que atua como guerreiro e representante de Israel (Daniel, 10:13), é visto de maneira particularmente benevolente. Gabriel é mencionado no Livro de Daniel (Daniel, 8:15-17) e, rapidamente, no Talmude, bem como em muitos textos místicos da Merkabah. As referências mais antigas aos arcanjos foram feitas na literatura dos períodos intertestamentais (por exemplo, 4 Esdras 4:36).

Dentro da tradição rabínica, na Cabala e no capítulo 20 do Livro de Enoque, e na Vida de Adão e Eva, o tradicional número de arcanjos é mencionado como sendo de pelo menos sete, que são os principais. Três arcanjos superiores também são referenciados com frequência: Miguel, Rafael e Gabriel. Existe alguma confusão acerca de um dos oito nomes a seguir, no que tange ao que é listado como não sendo realmente um arcanjo: Uriel, Sariel, Raguel e Remiel (possivelmente o Ramiel do Apocalipse de Baruque, que presidiria sobre as visões verdadeiras), Zadequiel, Jofiel, Haniel e Chamuel. O filósofo judaico medieval Maimônides escreveu uma hierarquia angelical judaica.

Adicionalmente, lares que seguem as tradições judaicas costumam entoar uma canção de boas-vindas aos anjos antes do início do jantar da noite de sexta-feira (sabá), intitulada "Shalom Aleichem", que significa "a paz esteja convosco". Isto tem sua origem numa declaração atribuída ao rabino Jose ben Judah, que dois anjos acompanhariam cada fiel ao retornar a seu lar depois dos serviços das noites de sexta-feira na sinagoga, anjos associados com a 'boa inclinação' (yetzir ha-tov) e a 'má inclinação' (yetzir ha-ra).

No cristianismo

O arcanjo Miguel, de autoria de Guido Reni (na igreja dos capuchinhos de Santa Maria della Concezione, em Roma, 1636), pisa sobre Satã.
O Novo Testamento fala frequentemente de anjos (por exemplo, anjos trazem mensagens a Maria, José e os pastores; anjos falam com Jesus após a sua tentação no deserto, outro anjo o visita durante sua agonia, anjos são vistos na tumba do Cristo ressurrecto, e são anjos que libertam os apóstolos Pedro e Paulo da prisão); somente duas referências, no entanto, são feitas a "arcanjos": Miguel, na Epístola de Judas (1:9) e Primeira Epístola aos Tessalonicenses (4:16), onde a "voz de um arcanjo" será ouvida quando do retorno de Cristo

                    Assista um vídeo de dois Arcanjos combatendo um Dragão de 4 cabeças
                                                        (Qualidade do Vídeo 7 de 10)

Anjo Miguel


Miguel (em hebraico: מִיכָאֵל (Micha'el ou Mîkhā'ēl; em grego: Μιχαήλ, Mikhaḗl; em latim: Michael ou Míchaël; em árabe: ميخائيل, Mīkhā'īl) é um arcanjo nas doutrinas religiosas judaicas, cristãs e islâmicas. O católicos, anglicanos e luteranos se referem a ele como São Miguel Arcanjo ou simplesmente como São Miguel. Os ortodoxos se referem a ele como Texiarca Arcanjo Miguel ou simplesmente como Arcanjo Miguel.

Em hebraico, Miguel significa "aquele que é similar a Deus" (mi-"quem", ke-"como", El-"deus"), o que é tradicionalmente interpretado como uma pergunta retórica: "Quem é como Deus?" (em latim: Quis ut Deus?), para a qual se espera uma resposta negativa, e que implica que "ninguém" é como Deus. Assim, Miguel é reinterpretado como um símbolo de humildade perante Deus.

Na Bíblia Hebraica, Miguel é mencionado três vezes no Livro de Daniel, uma como um "grande príncipe que defende as crianças do seu povo". A ideia de Miguel como um advogado de defesa dos judeus se tornou tão prevalente que, a despeito da proibição rabínica contra se apelar aos anjos como intermediários entre Deus e seu povo, Miguel acabou tomando um lugar importante na liturgia judaica.

No Novo Testamento, Miguel lidera os exércitos de Deus contra as forças de Satã no Apocalipse, onde, durante a guerra no céu, ele o derrota. Na Epístola de Judas, Miguel é citado especificamente como "arcanjo". Os santuários cristãos em honra a Miguel começaram a aparecer no século IV, quando ele era percebido como um anjo de cura, e, com o tempo, como protetor e líder do exército de Deus contra as forças do mal. Já no século VI, a devoção a São Miguel já havia se espalhado tanto no oriente quanto no ocidente. Com o passar dos anos, as doutrinas sobre ele começaram a se diferenciar.
Do termo “Miguel”

A tradução literal para o nome Miguel é “Aquele/Quem como Deus”.
 Mi = Aquele/Quem(?)
 Ka = Como
 El = Deus

Como no hebraico não existia sinais de pontuação, algumas palavras trariam consigo um significado inquisitivo. Por isso a partícula “Mi” que significa “quem” muitas vezes é traduzida sintaticamente como interrogação, ocorrendo em 350 textos do Antigo Testamento onde é mencionada.

Exemplo:

“Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem irá por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim.” (Is. 6:8)

ואשׁמע את־קול אדני אמר את־מי אשׁלח ומי ילך־לנו ואמר הנני שׁלחני (Texto Original Hebraico)

va'eshma et qol adonai omer et·mi esh'laj umi ielej·lanu vaomar hineni shelajeni ומי (Texto Original Transliterado)[15]

Dessa forma, o Talmude sugere uma interpretação inquisitiva para o nome Miguel, tendo a tradução contextual “Quem é como Deus?” ou “Quem é semelhante a Deus?”. Este entendimento hoje não é compartilhado somente pela comunidade judaica, pois mais tarde foi incorporado pela cristandade em geral “para não colocar em causa a própria Escritura”, tanto por católicos e evangélicos, como adventistas , e também por outras comunidades religiosas, como as testemunhas de Jeová e os islâmicos. Mas para as cosmovisões judaica, jeovista e muçulmana, o pressuposto de não haver nenhuma outra pessoa igual a Deus (Sl. 35:10; 89:8) é literal, implicando sugestivamente a resposta “Ninguém é Igual a Deus” num entendimento retórico.

Quanto ao sufixo “El”, é também relacionado de forma regular com nomes significando afirmativamente “Deus” em todos os casos, tal como em Daniel (Deus é Juiz), Emanuel (Deus é Conosco), Ezequiel (A Força é de Deus), Samuel (Chamado pelo Nome de Deus), Gamaliel (Deus me Faz o Bem), Ananias (Deus é Clemente), João (A Graça é de Deus),Ismael (Deus Ouve), etc. Esse entendimento é compartilhado por algumas denominações cristãs trinitarianas e alguns famosos comentaristas bíblicos como Matthew Henry e até o próprio João Calvino, pai da Igreja Congregacional, da Presbiteriana e de muitas outras reformadas, trinitarianos convictos, entendendo o termo segundo a tradução literal. Para esses, diferentemente dos judeus, muçulmanos e testemunhas de Jeová, o Arcanjo Miguel não tem natureza angélica, e sim divina, sendo o próprio Cristo que veio com esse “nome de guerra” fazendo um desafio a Satanás que, desde o princípio, sempre desejou estar acima dos anjos e ser igual ao Criador (Is. 14:12–14).

Anjo Gabriel


Gabriel (em hebraico גַּבְרִיאֵל, no hebraico moderno Gavriʼel, no hebraico tiberiano Gaḇrîʼēl; em latim Gabrielus; em grego Γαβριήλ, transl. Gabriēl; em árabe جبريل, trans. Jibrīl ou جبرائيل, transl. Jibrail; todos do aramaico Gabri-el, "homem forte de Deus"), também conhecido como São Gabriel Arcanjo, é, nas religiões abraâmicas, um anjo que serve como mensageiro de Deus. Aparece pela primeira vez numa menção no Livro de Daniel, na Bíblia hebraica. Em algumas tradições é tido como um dos arcanjos, noutros como anjo da morte.

Com base em duas passagens do Evangelho segundo Lucas, diversos cristãos e muçulmanos acreditam que Gabriel teria previsto os nascimentos de João Batista e Jesus. O Islã, além disso, acredita que Gabriel teria sido o meio pelo qual Deus optou por revelar o Corão a Maomé, e que através dele teria enviado uma mensagem para a os profetas revelando-lhes suas obrigações. É conhecido como o chefe dos quatro anjos favorecidos, e o espírito da verdade, e em certas crenças seria uma personificação do Espírito Santo. Gabriel também é mencionado na fé Bahá'í, especificamente na obra mística de Bahá'u'lláh, Sete Vales.



Anjo Gabriel, por Giotto di Bondone
É citado várias vezes na Bíblia; foi ele que anunciou ao profeta Daniel a sucessão de potências mundiais, bem como a vinda do Messias (em hebraico Mashiah, em grego, Cristo, "Ungido"). Disse o profeta: "Apareceu Gabriel da parte de Deus e me falou: dentro de setenta semanas [de anos] (70 anos x 7, ou seja, 490 anos) aparecerá o Santo dos Santos." (Daniel 9:24-26)

Ao anjo Gabriel foi confiada a missão mais alta que jamais havia sido confiada a alguém: anunciar o nascimento do Filho de Deus. Por isso, é muito admirado desde a antigüidade. O termo de apresentação quando apareceu a Zacarias para anunciar-lhe que ia ter por filho João Batista foi este: "Eu sou Gabriel, o que está na presença de Deus." (Lucas 1:19)

São Lucas disse: "Foi enviado por Deus o anjo Gabriel a uma cidade da Galiléia, a uma virgem chamada Maria, e chegando junto a ela, disse-lhe: "Salve Maria, cheia de graça, o Senhor está contigo". Ela ficou confusa, mas disse-lhe o anjo: "Não tenhas medo, Maria, porque estais na graça do Senhor. Conceberás um filho a quem porás o nome de Jesus. Ele será filho do Altíssimo e seu Reino não terá fim".

Segundo a tradição, os arcanjos são os mensageiros (em grego "angélos") de Deus das Boas Novas, nos ajudam a dar bom rumo e direção à nossa vida, nos dão compreensão e sabedoria. É a ele que recorrem os que necessitam desses dons.

Segundo a religião islâmica, ao anjo Gabriel foi atribuída a revelação do Corão ao profeta Mohammad (ou Maomé), o que teria ocorrido em uma ocasião em que Mohammad orava e meditava em uma montanha em Meca. Com base nas revelações desse episódio, Maomé teria começado sua saga de divulgação das obras de Deus, no que viria a ser o Islamismo.

Anjo Rafael


Rafael (do hebraico רָפָאֵל, transl. Rāp̄āʾēl, "Deus cura"; em árabe: رافائيل; transl. Rāfāʾīl; amárico: ሩፋዔል, transl. Rāfāʾīl), também conhecido como São Rafael Arcanjo, é o nome de um arcanjo comum às religiões judaica, cristã e islâmica, responsável por executar todos os tipos de cura. Enviado por Deus para curar em Seu Nome, Rafael significa "Deus cura" em hebraico; a palavra correspondente a médico é Rophe. O Cristianismo, ao "derivar" do Judaísmo, também desenvolveu algumas concepções próprias da hierarquia dos angelicais e atribuições dos angelicais e o mesmo aconteceu no islamismo. Alguns estudiosos afirmam que o Arcanjo Rafael foi enviado ao Egito durante a Páscoa. Seriam ele e Metatron os enviados por Deus para assassinar certos primogênitos do Egito durante a cominação das pragas egípcias. O Arcanjo Rafael também teria duelado contra Samyaza a mando de Deus.

Oração

Glorioso Arcanjo São Rafael, que vos dignastes tomar a aparência de um simples viajante, para vos fazer o protetor do jovem Tobias; ensinai-nos a viver sobrenaturalmente, elevando sem cessar nossas almas, acima das coisas terrestres.

Vinde em nosso socorro no momento das tentações e ajudai-nos a afastar de nossas almas e de nossos trabalhos todas as influências do Inferno.

Ensinai-nos a viver neste espírito de fé, que sabe reconhecer a misericórdia Divina em todas as provações, e as utilizar para a salvação de nossas almas.

Obtende-nos a graça que vos peço <<faça o pedido>>, de inteira conformidade à vontade Divina, seja que ela nos conceda a cura dos nossos males, ou que recuse o que lhe pedimos.

São Rafael, guia protetor e companheiro de Tobias, dirigi-nos no caminho da salvação, preservai-nos de todo perigo e conduzi-nos ao Céu. Assim seja. <<Reze um Pai Nosso, uma Ave Maria e faça o sinal da Santa Cruz.

Judaico-cristãs

Na Bíblia, o Arcanjo Rafael é citado no Antigo Testamento, no Livro de Tobias (presente somente no cânon católico). No capítulo 5, versículo 4 (Tb 5,4) há o início das aparições de Rafael ao jovem Tobias: "(…)Tendo saído, deparou-se-he o anjo Rafael, sem demonstrar, todavia, ser um anjo de Deus". Já no capítulo 6, versículo 3 (Tb 6,3), vê-se porque imagem esculpida pelos católicos mostra o arcanjo segurando um peixe. Eis que o grande peixe que tentou devorar Tobias e que o anjo lhe ordenou que o dominasse para tirar-lhe o fel, o qual, é indicado que é usado pelo arcanjo para curar o pai de Tobias devolvendo-lhe a visão. (Tb 6,11)

No capítulo 12, Rafael se dá a conhecer, se apresentando como anjo (arcanjo) de Deus (Tb 12,15) "Eu sou Rafael, um dos sete santos anjos que assistem e têm acesso à majestade do Senhor".

Não é mencionado no Novo Testamento, mas a tradição o identifica como o anjo da ovelha em João 5,2. Rafael também é figura proeminente nos costumes do Judaísmo. Ele é um dos três angelicais que visitaram Abraão antes da devastação física de Sodoma e Gomorra.